É incrível como o meu único escape é observar o mundo. Tudo
implica alguma coisa, olhar, repara, respirar, ouvir, sentir, saborear, a vida
é feita de implicações, obrigações e deveres. Ninguém é livre. Se faço algo
levo automaticamente com a consequência.
Então observo o mundo. E o mundo diz-me que não existem boas
ou más escolhas. Apenas decisões. Cada decisão tem a sua direta consequência (boa
ou má) e as suas indiretas. Não existem também decisões que não afetem
terceiros.
Então observo o mundo. E o mundo não me ajuda a tomar decisões
com menos ou mais implicações, mas trás consigo uma consequência diretamente
positiva para mim: a paz. E a paz é algo que todas as consequências das decisões
que tenho vindo a tomar, tem consequentemente desaparecido.
Penso que isto da tomada de decisões, apesar de parecer
ponderado, não passa de uma lufada se sorte ou azar. Ou seja, como um jogo.
Trata-se de uma questão de sorte pois não há como prever o futuro.
Então observo o mundo. E o mundo diz-me que há que trabalhar
para tentar melhorar o futuro, pois não se sabe, em situação alguma, o que se
avizinha. Mas diz-me também para não perder muito tempo na tomada de decisões.
O que lá vai, lá vai, sumiu-se, o seu tempo já acabou. Então faz e acabou, logo
se vê.
Então as pessoas mais próximas não me deixam observar o
mundo. E não me deixam observar o mundo porque me acham ridícula, demasiado “temperada”,
impulsiva. Demasiado despreocupada. Diferente. Peculiar.
Mas que fiz eu? Algo de errado? Não.
Eu fiz algo não ponderado, mas que como consequência (obviamente
indireta) me ajudou a melhorar um pouco, a crescer. Que me salvou de cometer a
mesma decisão não ponderada, comparando-a a uma caverna com mil tuneis. Aprendi
assim que para a próxima aquele túnel não me vai levar a bom porto. E se não
acertar a segunda acerto da próxima vez, até acertar.
E se morrer?
- “ Morres feliz porque morreste a tentar” – disse o mundo.
Enquanto observas o
mundo…
Joana Cancelinha
Pereira
27 Nov. 12
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