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terça-feira, 24 de março de 2015

Enquanto penso

Às vezes dou por mim a pensar que nem para pensar tenho liberdade. Que falta algo para me sentir completamente livre, uma opção, uma escolha. Que por vezes a minha vida toma um rumo que eu própria não acompanho, não percebo, algo que é como se estivesse fora de mim, que me deixa pensar que penso que escolho. Mas quando de facto, me é permitido acreditar que penso, e me ponho efectivamente a pensar, penso que mesmo que não tenha livre-arbítrio, aquilo que tem sido decidido para mim ao longo de vinte e um anos de vida, me deixa duvidar se sou livre ou não. Facto é que, pensando ou não, consigo acreditar que por vezes sou eu que tenho o leme, e mesmo não sabendo para onde vou, escolhi seguir a maré. Cheiro a liberdade, cheiro a maresia. 
Se me é então permitido que pense, foi-me permitido viver debaixo de um tecto, com uma família, que por vezes me afunilou a liberdade, mas que cegamente me deu tudo. Foi-me permitido ter uma educação, socializar num ambiente sempre adequado, nunca me faltou comida, nunca me faltou dinheiro. Foi-me permitido usufruir dos meus direitos. E que direito tenho eu de não me sentir livre? E que direito tenho eu de reclamar?

Joana Cancelinha

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